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Única opção de lazer em Felipe Guerra, Aquas Club pode deixar de abrir aos sábados


O portal REDE NEWS 360 conversou com o empresário Ussi Fernandes, proprietário do resort Aquas Club, localizado na comunidade do Brejo, zona rural de Felipe Guerra/RN, que mesmo consolidado como uma das melhores opções de lazer da Chapada do Apodi, sendo a única daquela cidade, poderá deixar de abrir aos sábados por falta de rotatividade de clientes. A reportagem expõe o dilema, ao mesmo tempo em que conta a história do resort. Confira:


O ano era 1998 quando o jovem empresário Ussi Fernandes – que vivia no Sul do Brasil – resolveu visitar familiares e amigos em sua terra natal, Felipe Guerra/RN. Depois de rever pessoas queridas, abraça-las, matar um pouco a saudade – já que vivera ausente por vários anos -, tudo que Ussi queria era visitar lugares locais que marcaram sua infância.

Acompanhado de dois amigos sulistas, os quais vieram com ele, a convite para conhecer a cidade, Ussi se dirigiu a mais bela e encantadora atração da época em Felipe Guerra: o Olho D’água do Brejo – privado, o espaço era desejado por muitos, mas acessível a poucos da cidade -. Ao pedir o privilégio de poder tomar um banho de mergulho na fonte, com os amigos, tal pedido lhe fora negado sem desculpas.

“Começando bem do começo, em 98 eu estive aqui com dois amigos, do Mato Grosso do Sul, os trouxe aqui no Brejo e, ao chegarmos à residência de uma das famílias as quais detinham a propriedade do olho d’água, os apresentei e pedi para tomarmos um banho, que nos foi negado”, contou Ussi.

De origem humilde, Ussi era um dos muitos felipenses que deixara a pacata cidade com a esperança de vencer na vida lá fora. E venceu. Na época, as informações que chegavam à terra das abelhas davam conta que o jovem empresário era muito bem sucedido no ramo de boates e casas de shows, no estado do Mato Grosso do Sul.

Diante do inegável constrangimento sofrido, seria natural uma reação racional a altura. E ela veio. Ussi decidiu que compraria uma propriedade ao lado, a qual desse acesso ao tão desejado Olho D’água do Brejo. E assim fez. Um ano depois. Em 1999. a princípio com o único propósito de desburocratizar o acesso, não só dele, mas também da comunidade a aquele paraíso das águas.

“Naquele dia eu falei: Ainda vou comprar um pedaço de chão aqui no Brejo e vou fazer um banho, para ninguém ter que pedir nada a aquele pessoal. Um ano depois eu voltei aqui, em 99, quando comprei essa propriedade. A princípio, entre 2000 e 2001, construí aqui uma piscina, a qual eu usava quando estava na cidade e, mesmo eu estando ausente, era usada de forma recreativa pela comunidade, sendo até então o propósito”, lembrou.


Solteiro, não sabia Ussi que o destino lhe reservava constituir sua família com uma das mais belas moças do lugar. Mais tarde, entre uma vinda e outra a cidade, casou-se com a jovem Sandra Costa. Embora tenha permanecido morando no Sul do Brasil por um tempo, a união fortaleceu cada vez mais seu laço com a terra natal e, consequentemente, mudou o rumo da sua vida pessoal e empresarial.

Onde até então existia apenas um espaço recreativo para familiares e amigos da comunidade, Ussi decidiu que construiria uma das maiores e melhores estruturas voltadas para o lazer já projetadas para a microrregião da Chapada do Apodi: o Aquas Clube.

A partir dali o empresário passou a destinar grande parte dos rendimentos dos seus negócios no Mato Grosso do Sul para do resort. Casa de shows, espaço para pesca esportiva dentre outras atrações objetivadas nortearam o projeto inicial, o qual, diga-se de passagem, na época pareceu mais uma grande utopia, dada a realidade econômica e estrutural da cidade e da região. Até então, ninguém imaginava que alguém fosse capaz de direcionar uma visão empresarial tão ambiciosa para Felipe Guerra.

“Num dado momento, mesmo consciente das dificuldades que eu e qualquer outro empresário teríamos para obter êxito num grande empreendimento voltado para o turismo e o lazer, aqui na região, haja vista a realidade econômica e a cultura da época, que inclusive seguem carentes de evolução, eu preferi atentar para as potencialidades que a cidade detém e acreditar que eu e minha família teríamos tempo para colhermos bons frutos de tão ousado projeto. Daí tive a coragem para direcionar os investimentos. Na época também não se imaginava a escassez de água que estamos tendo atualmente, uma situação que predomina há vários anos, atrasando cada vez mais o desenvolvimento econômico da cidade e da região. Então o projeto realmente sempre foi muito ousado. Projetamos inicialmente uma estrutura com as piscinas, casa de shows, clube de pesca esportiva, hospedagem, enfim vários atrativos para os quais acreditamos que em um determinado momento existiria demanda”, detalha.

Ussi reconhece atraso do projeto, diz que fez reformulações, mas que reformulações, mas garante que não reduziu sua dimensão mesmo diante de muitas adversidades determinantes para o andamento de sua execução. A grande expectativa do empresário é em relação à consolidação da tão sonhada Rota das Cavernas, uma vez que o município possui além do olho d’água e das cachoeiras, mais de 200 cavernas catalogadas, entre elas as maiores e mais belas do Rio Grande do Norte, que chamam a atenção do mundo.

"É bem verdade que embora já tenhamos uma das maiores e melhores estruturas de lazer da região, o projeto está atrasado, se considerado aquilo que pretendemos e que não abriremos mão. Ao longo desses anos realmente tivemos que fazer readequações no projeto, mudando as prioridades de acordo com a realidade que temos, quando a economia até aqui não evoluiu o esperado, veio o problema da escassez de água. Quando iniciamos, lá no início da década de 90, o município de fato não tinha um planejamento voltado para a exploração do turismo ecológico e em geral, mas hoje temos a expectativa em relação à Rota das Cavernas, que quando consolidada, acreditamos, provocará um impacto muito significativo na economia local. Por isso não reduzimos a dimensão do projeto. De fato reduzimos o ritmo da execução, até em função das dificuldades financeiras, uma vez que o que a estrutura capta hoje de recursos não é o suficiente diante da necessidade de investimentos, de forma que constantemente estamos remanejando recursos dos negócios que ainda temos lá no Sul. Inclusive um irmão meu que vive lá [no Sul] é detentor de 25% do empreendimento, justamente devido à necessidade de estarmos sempre injetando recursos para seguirmos executando o projeto”, explicou.

Aquas Club pode deixar de abrir aos sábados

Passados 20 anos desde a elaboração do seu projeto inicial, o Aquas Club já está consolidado como uma das maiores e melhores opções de lazer da Chapada do Apodi. No entanto, o resort ainda enfrenta dificuldades devido à realidade econômica e cultural local. Aberto somente aos finais de semana (sábado e domingo), o Aquas Club poderá deixar de abrir aos sábados, deixando assim a cidade de Felipe Guerra sem uma opção de lazer, neste dia, para população e visitantes.


Com 18 funcionários trabalhando de forma intermitente, aos domingos, a direção do resort alega que, abrir aos sábados, mesmo reduzindo a equipe a um total de 8 (oito), tem resultado em constantes prejuízos, uma vez que a procura neste dia, em específico, tem sido bem abaixo do necessário para gerar um faturamento compatível com as despesas geradas pelo funcionamento da estrutura. Ussi se preocupa especialmente com a renda de seus funcionários, os quais seriam prejudicados com o fechamento aos sábados.

“Eu fico triste ao chegar a esse ponto da conversa, na qual relembro aqui nossa história construída ao longo de 20 anos, sempre enfrentando e vencendo adversidades, pois tenho que externar que o Aquas pode deixar de abrir aos sábados, pelo fato de que estamos registrando prejuízos constantes. Se aos domingos abrimos com uma média de 18 funcionários, aos sábados, mesmo reduzindo para 8, a procura não tem gerado um faturamento compatível com as despesas que a estrutura demanda aos sábados. Então, constantemente tenho que remanejar recursos do faturamento do domingo para cobrir as despesas dos sábados, e isso tem levado embora o lucro e nossa capacidade de continuar investindo no projeto. Se eu fosse pensar somente na minha família, simplesmente eu abriria somente aos domingos, quando o faturamento é satisfatório. A questão é que nós conhecemos a realidade da falta de oportunidades do município e, para pensarmos e agirmos como empresários, temos que fecharmos os olhos para a situação daquelas pessoas que há bastante tempo estão aqui conosco, cada uma dando o seu melhor e que, consequentemente, teriam suas rendas prejudicadas. São mães e pais de famílias, estudantes, enfim, sem contar que a cidade ficará completamente sem opção de lazer aos sábados, tanto para a população quanto para quem nos visita”, desabafou Ussi.

Estratégia para evitar fechamento


O empresário acredita que ainda é possível evitar o fechamento do resort aos sábados. Para isso, Ussi aposta num recém-lançado programa de sócios, com preços promocionais. Ele detalha que já fez as contas sobre quantas adesões precisa alcançar – 400 – e garante que a oferta é bastante vantajosa para os usuários do espaço.

“Numa região desenvolvida, uma estrutura como a nossa não teria nenhuma dificuldade para construir uma ampla carteira de sociais, haja vista a qualidade, modéstia à parte, do serviço que oferecemos, diga-se de passagem, por preços superacessíveis. Mas aqui estamos com o programa de sócios como uma estratégia para evitar o fechamento aos sábados. Para isso precisamos de pelo menos 400 sócios. Esse é o número que estamos trabalhando, após calcularmos que, com os recursos advindos desse número de sócias, será viável custearmos a energia e a despesa com pessoal referente aos sábados. Os valores das adesões, que eu considero irrisórios, são: individual R$ 7 mensais; 2 pessoas R$ 13 mensais; 3 pessoas R$ 18 mensais; indo até 7 pessoas que da R$ 28 ficando a R$ 4 por pessoa. O sócio não paga entrada nem o bainho – hoje estamos cobrando R$ 5,00 de taxa de consumação mínima para não associados -; o sócio não paga entrada em eventos do tipo shows – estaremos retomando nos próximos dias uma agenda cultural -; e o sócio não paga couvert – todos os domingos têm música ao vivo e em breve vamos passar a cobrar couvert aos não associados -; enfim, os benefícios de serem sócios eu citei aqui de forma resumida, mas os interessados podem nos solicitar mais informações. Aqueles que já são sócios têm comprovado as vantagens na prática, desde o momento em que passarem a desfrutar. E vão perceber mais ainda quando fizermos adequações inevitáveis no que diz respeito às tarifações do acesso, afinal essa estrutura tem custo, um alto custo por sinal, e nós quanto administração precisamos buscar de forma justa a compensação, para garantirmos a manutenção desse espaço de lazer que é único para a população local. Em relação a adesão, flexibilizamos para os clientes que podem adquirirem desde um plano mensal a um plano anual”, detalhou.

A oferta promocional é válida somente até o final de abril do corrente ano.

Detalhes e impressões


* Recentemente o Aquas Club inaugurou aquela que chamou de “Estrela Maior” – mais uma bela piscina com capacidade para 320 mil litros (275 m³) de água.

* O resort também implantou um moderno e eficiente sistema de anotações e cobranças de pedidos o qual aperfeiçoou significativamente a agilidade do atendimento.

* Considerando o fácil acesso, a estrutura física do local, as atrações e serviços oferecidos, o amplo cardápio com comidas típicas regionais, o bom atendimento e os preços compatíveis com a realidade econômica local, pode-se concluir que o Aquas Club atende a necessidade de quem busca uma boa opção de lazer a baixo custo.

* Observando como empreendimento, percebe-se que o resort sofre as consequências de um investimento ousado, numa região onde a economia é subdesenvolvida e a população local ainda não detém real conhecimento da importância da estrutura para o seu próprio bem-estar.

* Nota-se ainda a necessidade de mais eficiência das políticas públicas desenvolvidas pelos Poderes constituídos, especialmente locais, com o intuito de apoiar empreendimentos do tipo e de alavancar a economia local através da exploração de suas potencialidades naturais, utilizando-se de parcerias com estruturas já prontas do setor privado, como é o caso do resort em questão.

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