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CASO NOBLAT: O primeiro negro indicado por Lula para o STF não foi Joaquim Barbosa

Lula lamenta não ter podido nomear um célebre jurista baiano, a quem ainda trata de “meu ministro”, para sentar na cadeira ocupada hoje por Barbosa. 

SALVADOR – Não poderia ser diferente. A frenética platéia aguarda sôfrega os desdobramentos da polêmica entrevista do ministro Joaquim Barbosa ao repórter Roberto D’Ávila, exibida na Globo News. 

O presidente do Supremo Tribunal Federal, 3ª autoridade na linha de sucessão da Presidência da República, além alvejar criminalmente um célebre jornalista brasileiro, assanhou o “ninho supremo”, atacando colegas de toga. 

Contagiado por esse frenesi forense, o blog resolveu se meter na encrenca, buscando desvendar a real motivação do suposto palavrório “racista” do jornalista global Ricardo Noblat, em relação à nomeação de Joaquim Barbosa para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal. 

Como se sabe, a cizânia se deve ao fato de o ministro Barbosa se irritar com a alegação de que ele teria entrado no STF na “cota dos negros”, e não por seu notório saber jurídico. Então, Joaquim vê nesse tipo de argumento certo “conotação racista”, e por conta disso pede ao Ministério Público Federal que processe o jornalista de O Globo por injúria e racismo. O post “Liberdade alegada: quando devemos calar? ”, publicado num renomado espaço virtual da Bahia, antecipa argumentos no sentido de que Noblat, ainda que tenha pesado a mão, não ofendeu de modo algum a honra ou a condição racial do ministro, porque se limitou a examinar objetivamente um fato. O fato de que o ex-presidente Lula mirava efetivamente a nomeação de um jurista negro para a ocupar a vaga do ministro aposentado Moreira Alves. Ocorre que o nome de Joaquim Barbosa nunca figurou na lista do então presidente da República, que mal o conhecia. 

Pois bem, na última quarta-feira (25/03), o autor do blog foi ao encontro de um “quase-ministro” do Supremo Tribunal Federal. Trata-se do jurista baiano Edvaldo Brito, atual secretário estadual de Assuntos Estratégicos da Bahia, o primeiro jurista a figurar na lista de Lula para substituir Moreira Alves, em 2003. Lula queria, efetivamente, indicar e indicou um nome de impacto para o STF: um brilhante e experiente jurista, mas que fosse negro, particularmente. E o prof. Dr. Edvaldo Brito, além de atender a tais critérios, era político, popular e nordestino. Lula já o conhecia dos tempos em que Brito foi secretário de Negócios Jurídicos da Prefeitura de São Paulo. 

Terno da posse 

A indicação do doutor Edvaldo para o STF não foi precedida de consulta. O presidente Lula o escolheu pessoalmente e incumbiu um amigo comum de avisá-lo. “O ministro Marco Aurélio me ligou, deixando um recado com a minha secretária, para que eu comprasse o terno da posse. Num primeiro momento não associei a mensagem à minha indicação para o Supremo. Então resolvi retornar a ligação, tendo o ministro me confirmado que o presidente da República tinha me indicado para o cargo. Fiquei sabendo também que a Corte festejou bastante a minha indicação. 

No entanto, Marco Aurélio estranhou o fato de eu não ter vibrado com a notícia. Aí lhe disse que o meu tempo já tinha passado fazia 45 dias, quando completei 65 anos, tempo limite para nomeação ao cargo de ministro do STF. Em que pese o presidente Lula ainda me honra tratando-me de “o meu ministro”, lembra o jurista. 

Brito esclarece, por fim, que não foi informado no momento da sua indicação, e nunca ficou sabendo, se sua cor teria sido decisiva no processo de escolha do presidente da República.
Não obstante, ao ser interpelado numa entrevista coletiva a respeito do perfil dos membros do Supremo Tribunal Federal, Lula fizera questão de realçar a autonomia da Corte, fazendo referência à nomeação de um jurista negro, que ele não conhecia em contraponto ao modelo aplicado na Bahia pelo saudoso senador ACM, para escolha dos desembargadores do Tribunal de Justiça (Assista ao vídeo AQUI). 


Por Chico Costa

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